Sinto vergonha pela sua mãe.

Eu me pergunto aonde vamos parar quando leio a notícia de que um Tenente Coronel, que estava ao volante, se viu no direito de não apresentar sua carteira de motorista (percebam que ninguém pediu um documento inapropriado para o momento como a carteira de trabalho ou passaporte, o que poderia justificar a negativa) simplesmente porque só “se relaciona” com patentes iguais ou superiores a dele.

Oi? Meu filho (desculpe, mas a partir do momento que o Sr. Tenente Coronel me faz uma besteira dessas eu posso igualá-lo ao meu filho que também insiste em se negar a escovar os dentes antes de dormir), ninguém nunca te ensinou que mais do que falar, fazer faz toda a diferença? Que exemplo você pretende dar a sua tropa se você não é capaz de cumprir uma simples lei, sem falar nos modos como tratou seus coleguinhas? Coisa feia. Não importa se seu colega é filho do porteiro ou da dona da escola, todos temos que ser tratados com respeito e por que não com carinho.

Ai, desculpem. Deixei meu lado mãe falar mais alto. Voltemos a vaca fria, ou a anta esquentadinha, como preferirem.

Tudo seria muito mais simples e menos ridículo se ao invés de xingar, gritar e fugir o Sr. tivesse apresentado a sua carteira de motorista e ido dormir em paz, aliás, paz que é seu dever manter, lembra?

Compreendo que fazendo isso o Sr. não teria como mostrar que é superior (?) e que está acima do bem e do mal. E que mal.

Falando nisso, me pergunto o que o Sr. temia? Será que a carteira estava vencida, será que estava alcoolizado? Será? Será?

Mais uma vez como mãe (e eu imagino a vergonha da sua neste momento) eu te diria que quem não deve não teme. Quando meu filho não quer me mostrar alguma coisa, já sei que ele aprontou.

Pronto falei.

As últimas de Miguel.

Para aqueles que perderam as últimas do Miguel, segue um resumo 🙂

 

1-      Miguel machucou …

Miguel, mostrando o dedinho indicador: mamãe Miguel machucou.

Eu: ai que dó filho. Deixa mamãe dá um beijinho (sim, TODAS as mães beijam os machucados de seus filhos. É o poder curativo do amor kkk)

Eu: melhorou?

Miguel, com cara de quem não estava entendendo minha pergunta: Não, mamãe. Tá melhorando ainda. Paciência.

Eu: morri de rir.

 

2-      Até tú meu filho?

Então sei filho único, tratado a pão de ló, olha para você e fala, ou melhor, canta:

-Pre-pa-ra.
Oi? Como assim? Cadê a música da galinha pintadinha, gente?

 

3-      O privilégio de ser mãe.

Quando seu filho dorme na sua cama e coloca aquele bracinho ao redor do seu pescoço (como quem diz: vem cá mamãe que eu te protejo) é que você percebe que nada, absolutamente nada, pode tirar o encanto dos pequeno atos.
Desejo, do fundo do meu coração, que cada um dos meus amigos possa sentir esse bracinho um dia, ou melhor, todos os dia.

4-      Já quer sair de casa…

O que fazer quando seu filho de 2 anos vai até a porta, segura o chaveiro ( a altura dele ainda não o permite segurar a chave) e fala:

– Tchau pessoal, o Miguel vai embora.

Detalhe, o pessoal era só eu kkkk

 

 

 

 

E a palavra é …

Sim, achei neste final de semana a palavra que procurava tanto para traduzir o que meu filho é para mim.

Passaram pela minha cabeça vida, amor, infinito, felicidade, coração fora do peito e por aí vai. Mas todas me pareciam tão banais, tão farinha do mesmo saco, sabe?

Poxa, eu que esperei 3 anos para tê-lo comigo tinha que conseguir uma palavra, quase um sinônimo, para tanto amor.

E foi então, que olhando para ele enquanto dormia, uma sensação, tipo uma dor mesmo, me invadiu. Deu vontade de chorar, sei lá. E se ele não existisse, e se amanhã eu acordasse e não o visse mais. Parece loucura, mas parece mesmo é que ser mãe é meio louco.

Vamos á palavra: SOL.

Sim, meu filho. Você é meu sol. Não só pelo fato de iluminar meu caminho e aquecer meus dias, mas principalmente pelo simples fato de que é a sua existência que permite a vida.

Assim como o sol, se você não existisse nada mais sobreviveria a  frieza e tristeza dos dias escuros.

Assinado mamãe Girassol.

Algumas perguntas não podem ser feitas.

Nem sob tortura. Nunca, jamais, nem a pau Juvenau.

Sim, existem situações que o melhor é se manter na dúvida. Aprenda: você não precisa saber tudo. Não mesmo.

Como assim? Ora, vou dar alguns exemplos:

– Você está grávida? Pare tudo. Nem se a pessoa estiver entrando na sala de parto. Nunca, eu disse, nunca pergunte isso.

– Como vai seu pai? Principalmente se tem muito tempo que você não vê a pessoa. A resposta pode te fazer chorar.

– Você casou? Pra que saber isso, gente? Que inconveniente. É se a pessoa acabou de acabar aquele noivado longo. E se a pessoa ficou pra titia? Se ela casou ela vai te falar, com certeza.

– Você está de dieta? Não, a pessoa está comendo uma salada em plena churrascaria simplesmente porque gosta de alface. Putz.

Você deve estar se perguntando por que tanta fúria em meu coraçãozinho, né? Eu respondo.

Estava na feira com minha família sábado passado. Miguel pediu biscoito, eu pedi a moça da feira e ela deu. Foi aí então que surgiu uma mulher do nada e começou a brincar com Miguel. Ele, ainda hipnotizado pelo biscoito, foi super simpático. Ela ficou encantada e começou a elogiá-lo. Eu, como toda mãe, adorei. Tudo podia ter parado por aí. Mas não parou. Ela se virou para mim, que estava com Miguel no colo e soltou a pérola:

– Ele é seu filho?

– Sim, filho único.

– Mas é seu ou é adotado? Com voz baixinha, como se estivesse me contando um segredo.

– As duas coisas. Respondi com naturalidade, mas seca.

Silêncio. Muito silêncio.

Sabe aquele sorriso que estava no meu rosto? Sumiu. Não consegui disfarçar. Sumiu e até agora não voltou. Até Miguel parou de sorrir.

Hein? Como assim, minha filha? Tá doida? Comeu cocô? Isso lá é coisa de se perguntar, principalmente a alguém que não conhece? Fala sério!

A minha vontade era sentar ela em uma cadeira (porque ela ia se cansar de me ouvir) e responder assim:

– Primeiro: ele não é adotado. Ele FOI adotado. Há uma grande diferença que sua pouca inteligência não consegue captar.

– Segundo: e se meu marido fosse um negão lindo? Hein? Uma loira não pode casar com um negão, é isso? Em que país você vive?

– Terceiro: eu te conheço? Te conheço? Aff.

 É cada uma que me aparece, viu?

obs. O biscoito que dei a Miguel era bom mesmo. Recomendo: nata com côco.

Ah tá, no olho dos outros é pimenta, né?

No caixa da padaria, pesando o pãozinho francês de todos os dias:

CAIXA: R$ 0,53

EU: Puxa não tenho trocado. (entreguei R$ 1,00)

CAIXA: Tudo bem, eu também não tenho. (me entregou R$ 0,45)

EU: Então, se eu não posso te dever 3 centavos você também não pode me dever 2, né? (neste momento abri um sorrisão. Sim, aprendi a duras penas que quando você vai dizer algo que alguém não quer ouvir, o melhor escudo é o tal do sorriso. Se a pessoa ficar putinha você fala que foi brincadeira e todos ficam felizes no final).

CAIXA: é verdade …

EU: Silêncio (parada na fila com umas 15 pessoas atrás de mim. O sorrisão no rosto).

CAIXA: Então toma (meu deu R$ 0,50). Bom dia.

EU: Bom dia para você também querida. Muito obrigada.

Fui embora, mas tenho certeza que a caixa está até agora tentando entender porque eu fiz o que fiz, afinal de contas eram só 2 centavos.

Tudo bem, até agora eu estou tentando entender porque as pessoas não sabem que a responsabilidade do troco é de quem está recebendo o pagamento.

Se ela pelo menos tivesse me perguntado se eu queria uma balinha rsrsrs. E olha que eu queria.

Eles nunca nos escutam.

Amigos no bar. Um deles resolve compartilhar uma história pessoal.

Amigo pegador:

– Nossa, vocês não vão acreditar. Estava eu em uma micareta dessas da vida e vi uma menina lindinha, sozinha, do lado do trio elétrico. Eu estava sozinho também e pensei: vou lá, né? Não custa nada.

– Me aproximei e perguntei se ela estava sozinha. Ela continuou dançando, mas me deu abertura. Então eu continuei. Falei no ouvido dela como ela era bonita e coisas desse tipo. Ela sorria. Continuei o papo por quase mais 10 minutos. Volta e meia ela falava alguma coisa. Tudo caminhava bem. Ela estava me dando um mole danado.

– Estava tão envolvido no nosso diálogo que nem percebi que o trio parou de tocar. Foi aí então que ela soltou a pérola:

Menina bonita: What´s your name?

Amigo pegador: Hein? Eu estava há 10 minutos falando com uma gringa, que não entendia nada que eu falava. Putz.

Todos riram. Eu morri de ri. Mas o que mais me impressionou foi que ele disse que os dois estavam em um DIÁLOGO.  Isso me faz perguntar o que será que o homem entende como diálogo, minha gente?

Essa história explica muitos comportamentos masculinos, não acham? kkkkk

Mais uma prova de que o homem não escuta absolutamente nada do que nós mulheres falamos. E até quando estamos caladas eles entendem que estamos falando.

Boa semana 🙂

Van e o busú.

Lembra do meu post de agosto (A médica da fila de espera)? 

Então, ele inspirou alguns colegas que vivem me contando histórias mega engraçadas que ouviram em locais inusitados.

Resolvi dividir estas histórias com vocês!

A história de hoje me foi contada pela Van. Vou contá-la em primeira pessoa para que vocês entendam melhor, ok?

Estava eu no ônibus seletivo (tá bom, tá bom, é difícil acreditar que eu estava em um busú, mas abstraia deste detalhe e mergulhe na comédia).  No ônibus tinha uma senhora, nada discreta, aos berros com a mãe ao telefone, que pela idade da senhora  eu presumo que seja uma  múmia.

– Mãe, eu já falei, tem que levar o exame nu médico…

– Se você me ouvisse não “tava” passando por isso. Tem que marcar o médico…

– Tá. Pega o exame e lê para mim.

– Eu guardei no armário. É um raio X.

– Ra-i-o  xxxxxxxxxx.

– Procure direito. Tá no envelope.

– Uai, num envelope pálido. É o único envelope pálido que tem aí.

 

Depois disso não consegui mais me concentrar na conversa. Pálida estou eu, meu pai. Fiquei pensando no envelope desbotado, triste, pálido.

Eu já vi gente ficar bege e até rosa choque, mas envelope pálido é a primeira vez.

Senhor, piedade dos ignorantes. Amém.

Obs. Vale dá um olhada aí do lado, clicar no mês de agosto e reler o post que falei.

Declaração de amor ao centro.

Eu gosto muito de prédios antigos. Aqueles com janelas enormes que passam a impressão que os apartamentos são amplos e bem ventilados. Sim, eu gosto do Centro da cidade de Vitória.

Ouso a dizer que adoraria morar no centro. Hum, adoraria é um termo forte. Digamos que eu moraria no centro.

O centro me traz lembrança, muitas lembranças.

  • o hotel que era do meu avô,
  • o restaurante da minha avó, na escadaria,
  • a banca de revista na frente do hotel,
  • a praça da Catedral onde meu padrinho, ainda moço, lavava o carro,
  • o Bandes onde minha mãe trabalhou a vida toda,
  • o Bobs, que não existe mais ali, mas que eu adorava ir quando ficava no trabalho da minha mãe porque a empregada tinha faltado,
  • o antigo INPS onde meu pai trabalhava e contava várias histórias da lanchonete onde ele comia pão com café e leite, que aliás eu nunca fui,
  • a lanchonete, que também não existe mais, que vendia um kibe maravilhoso,
  • a PAPI, onde minha mãe me levava para fazer nebulização, já que era a única clínica infantil da cidade,
  • o Theatro Carlos Gomes onde fazia minhas apresentações de ballet no final do ano,
  • o antigo cinema que nos dava direito a uma paradinha básica nas Lojas Americanas para comprar balas,
  • a Mesbla. Que saudade da Mesbla. A primeira escada rolante que vi na vida,
  • a escola de música estadual, onde tive minhas primeiras aulas de piano.

Lembranças, saudades, orgulho, vontade.

Hoje falo do centro com intimidade, como se pertencesse a ele. Conheço as ruas pelos nomes (não todas, claro) e me localizo pelos antigos estabelecimentos que não existem mais, fisicamente, mas que nunca sumiram de mim.

Toda vez que passo pela praça da Catedral me sinto meio dona dali. Me dá vontade de sentar e ficar olhando o movimento, exatamente como fazia, muito nova, na recepção do hotel, que se chamava Hotel Catedral. Pouco criativo, mas muito significativo.

Se pudesse faria com que todas as pessoas gostassem do centro. Faria com que o novo prefeito gostasse do centro. Faria com que ele nomeasse a escadaria onde ficava o Hotel do meu avô com o nome da minha família.

Escadaria Senna. Continua pouco criativo, eu sei, mas o centro é assim conservador, tradicional, cheio de significados, esquecido e lindo. Lindo. Lindo.

Salve o Centro!

Salvem o centro!

Que peninha.

– Você tem medo de morrer?

– Medo? Não, medo não. Tenho pena.

Essa sou eu. Sou mega medrosa, tenho medo de ser assaltada, tenho medo de barulhos estranhos, tenho medo de pessoas ruins, tenho medo. Ponto.

Mas de morrer eu tenho pena, viu? Na minha lápide estará escrito:

Aqui jaz, com muito pesar e a contra gosto, a Li.

Mulher com poucas habilidades domésticas, esposa reclamona e apaixonada, mãe rígida e orgulhosa, amiga fiel, funcionária que odeia hora extra, pagante e faltante de academia e comedora, sem culpa, de coisas que valem a pena. Essa soube viver.

O que estará escrito na sua? Você sabe viver?

Boa semana.

Li

 

 

A vingança contra a tia da creche.

Todos os dias, quando estaciono meu carro na frente da creche do Miguel ele já começa a gritar, tenta se livrar da cadeirinha do carro e tenho certeza que, se conseguisse, abriria a porta do carro e entraria correndo na escolinha.

Ok, eu sei que ele adora a creche e que toda mãe que se preze reza por isso. Eu só acho que tentar pular do meu colo para o colo da tia é demais. Poxa, custava ele fingir que prefere ficar comigo? Custava fazer cara de saudade? Kkk

Hoje foi mais um dia normal, quero dizer, anormal. Parei o carro e ele ficou quietinho, olhando a janela, como se não fosse com ele.

Pacientemente o tirei da cadeirinha e o levei para dentro. Ao ver a tia, para minha surpresa (e da tia), ele ficou imóvel, como se não a conhecesse.

Eu então o entreguei e para surpresa geral da nação ele começou a chorar. Isso mesmo, meu caro, a chorar.

Minha primeira vontade foi de falar: viu tia? Ele me ama mais que ama você. Lá, lá, lá, lá, lá. Achei melhor não, porque ela já não me acha muito normal.

Meu pai do céu, e agora? Não estava preparada para essa reação incomum. E me parece que nem a tia, que ficou me olhando assustada.

Calma Liandra, calma. Pensa, pensa e pensa rápido. Pronto, já sei.

Me abaixei um pouco para ficar da altura dele (eu disse um pouco porque sou quase da altura dele rsrsrs) e falei:

– Filho, pra que isso? Mamãe vai agora e volta mais tarde. Você vai passar o dia brincando e comendo. Quem me dera filho…

Ele se acalmou, parou de chorar e ficou me olhando como quem diz: continue …

– E o mais importante, mamãe nunca vai para sempre. Nunca.

Ele sorriu, eu sorri. Ah, a professora continuou sem entender nada. Não sorriu.

A tia então, para fechar com chave de ouro, solta a pérola: ele é muito grudado com você né?

Preferi não responder. Sorri. Ela, então, sorriu.

Eu estou sorrindo até agora.

Esse menino ainda me mata, de tanto sorrir.

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